Na primeira parte da nossa série, vimos que a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos, ou CBHPM, elaborada pela Associação Médica Brasileira (AMB) no ano de 2003, surgiu com objetivo principal suprir a necessidade da valoração do trabalho médico frente ao sistema de saúde complementar. Vimos também que, antes de sua primeira publicação, o processo justo de cada procedimento médico sofria ajustes frequentes a partir de cada ação realizada pela operadora, criando o cenário de desvalorização do trabalho profissional médico, refletindo na qualidade de sua assistência.

Nesta segunda parte, veremos o detalhamento da metodologia para cálculo de portes na CBHPM.


Como abordado brevemente no texto anterior, os procedimentos são codificados e estruturados em 4 capítulos: Procedimentos gerais, clínicos, cirúrgicos e invasivos e diagnósticos e terapêuticos, sendo a complexidade de cada procedimento dividida em 14 portes, cada um deles com 3 subdivisões (A, B e C).


Lista de Requisitos

Para realizar esta metodologia de cálculo e revisão de portes na CBHPM, deve-se seguir uma criteriosa lista de requisitos, que somam pontos de acordo com a complexidade de cada critério. Segue abaixo os requisitos e a distribuição de seus pontos (Vale lembrar que nem todos os critérios são aplicáveis a todos os procedimentos).

  1. A necessidade da formação do profissional médico e a curva de aprendizado
    Complexidade:
    Baixa – 4 pontos
    Média – 6 pontos
    Alta – 8 pontos

  2. O preparo pré-operatório, suas avaliações e mensurações
    Complexidade:
    Baixa (Ambulatorial) – 3 pontos.
    Média (Avaliação prévia, clínica ou outra especialidade) – 4 pontos.
    Alta (Intervenção prévia de mais de um dia, avaliações clínicas que possam influenciar nas decisões de técnica) – 5 pontos.

  3. O preparo do ato operatório (Posicionamentos complexos do paciente, aparelhagem ou liberação pelo anestesiologista)
    Tempo:
    Meia hora – 2 pontos
    De meia hora a uma hora – 4 pontos
    Mais de uma hora – 5 pontos.

  4. O tempo médio de duração do ato cirúrgico da incisão até o término da sutura
    Menos de uma hora – 1 ponto
    Até duas horas – 2 pontos
    Até quatro horas – 4 pontos
    Mais de quatro horas – 8 pontos

  5. O Risco transoperatório do ato
    Baixo risco – 2 pontos
    Médio risco – 4 pontos
    Alto risco – 8 pontos

  6. O cuidado hospitalar subsequente
    Complexidade:
    Nenhuma – alta dentro das primeiras 12 horas: 1 ponto
    Simples – avaliação e curativo, alta no primeiro dia do pós – 2 pontos
    Média – cuidados elaborados nos dias subsequentes do pós-operatório, tais como, ajustes de aparelhagem, troca de imobilização, curativos, avaliações clínicas: 3 pontos.
    Alta: necessidade de cuidados intensivos de clínico e enfermagem, demandando cuidados que extrapolem uma (1) hora nesta atividade, incluso UTI. – 4 pontos.

  7. Os cuidados pós-operatórios fora do hospital, abrangidos pelo ato
    Visitas ao consultório para:
    Curativo, retirada de sutura e avaliação final dentro do prazo de um mês: 1 ponto
    Curativo, retirada de sutura e avaliação múltiplas dentro do prazo de um mês: 2 pontos
    Curativo, retirada de sutura e avaliações múltiplas excedente o limite de 4 meses: 4 pontos

  8. As chances de complicações e processos judiciais
    Baixa – 1 ponto.
    Média – 2 pontos
    Alta – 4 pontos.

  9. E a exposição à radiação
    De 01 a 06 incidências – 2 pontos.
    De 07 a 16 incidências – 3 pontos.
    De 17 ou mais – 4 Pontos.

Composição de pontos

Utilizando a somatória dos requisitos, temos as composições dos pontos e sua classificação de portes, como tabela abaixo.


No próximo post, descobriremos como realizar a pesquisa de um procedimento através do seu código CBHPM.

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