A Saúde Suplementar está em risco no Brasil
Durante muitos anos, a Saúde Suplementar brasileira foi referência mundial, um verdadeiro caso de sucesso estudado por muitos países e instituições. Hoje a realidade é bem diferente. Entenda um poucos dos motivos dessa decadência e das consequências para o setor de saúde.
Cenário atual
Quando bem implantada, a saúde suplementar traz benefícios para todas as partes envolvidas: O governo que pode transferir parte da responsabilidade da saúde pública para o setor privado, os prestadores que tem uma fonte de renda recorrente e os beneficiários que conseguem a tranquilidade e a segurança de ter um bom atendimento médico, quando necessário.
Porém, em função de diversos desalinhamentos, a saúde suplementar brasileira encontra-se na UTI. Só para exemplificar, o setor atende cerca de 47 milhões de beneficiários no Brasil, sendo que a grande maioria está concentrada nos estados do sul e sudeste. Apesar de ser um número representativo, a quantidade de brasileiros que cancelaram seu plano de saúde nos últimos 18 meses já passou de 2 milhões, sem contar os novos usuários que não tiveram a oportunidade de contratar o primeiro plano de saúde e ainda dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Redução do número de beneficiários no Brasil
Os beneficiários argumentam que os planos de saúde tiveram um reajuste muito superior a inflação declarada no período, o que é uma verdade, porém os convênios justificam que não conseguem manter os custos inflados pela regulação exagerada do governo e pelo aumento dos custos de exames e remédios bem como pelo elevado índice de fraudes cometidas pela rede prestadora de serviços.
A justificativa dos convênios tem fundamento que pode ser comprovado com um dado alarmante. Desde que a ANS foi criada, o número de convênios nunca foi tão baixo. Do ano de 2000 até hoje, o número reduziu pela metade. Além disso, dos convênios que estão ativos, cerca de 60% são de pequeno porte (20 mil vidas) e começam a ter dificuldades de sobreviver nesse cenário predatório.
Redução do número de convênios no Brasil
Para sobreviver num mercado cada vez mais caótico, os convênios pressionam a sua rede prestadora, exigindo preços menores e prazos maiores para efetuar os pagamentos. As glosas médicas são um recurso cada vez mais utilizado para evitar ou, pelo menos postergar, o pagamento de itens duvidosos e assim melhorar o fluxo de caixa do convênio com a consequente redução do faturamento hospitalar.
Os beneficiários são afetados quando tem o seu exame ou medicamento negado, obrigando-se a acionar o plano judicialmente para conseguir o seu atendimento. Também está se tornando comum a necessidade de migração de convênio quando a mesma encerra suas atividades.
A instabilidade no setor é visível e os dados acima comprovam isso. O Brasil está passando por um completo desalinhamento de mercado, inflado pela redução dos investimentos na saúde pública, pelas propostas equivocadas do governo e pelos altos custos dos exames e procedimentos. É um setor que tem seu futuro indefinido e que a única certeza é a necessidade de investir em eficiência para aqueles que desejam sobreviver e continuar atuando nesse segmento.